quarta-feira, 20 de julho de 2011

Capítulo V - Cena 5b

O sol no rosto me fez acordar. Não sei se foi a leitura do poema ou se foi a comunhão espiritual com Cristo, mas acordei bem melhor do que quando me espreitei pelo corredor cheia de receios para me perder, ou quem sabe me encontrar nas páginas amareladas de um Gregório de Matos.

Pela janela o dia é azul, aqui parece que todos os dias são azuis. É bonito, é tranquilo, um refúgio perfeito para meus problemas, para meus tormentos, para minha dor e meu medo. Não é porque a grama é verde e a brisa refrescante que não temo as pragas e as grandes tempestades que destroem tudo quando passam. Mas acredito que já tenha vivido todas as tempestades, ou melhor, calamidades que a vida poderia me fazer passar. Ainda estou em pedaços, e eu mesma preciso me juntar. Não posso depender de ninguém, não posso mais ser a menina incapaz, a mulher fraca que fizeram de boba por tanto tempo. Agora é hora de pegar a minha vida e guiá-la por mim mesma. Se não for bom para mim, não farei pensando em agradar outra pessoa que jamais me faria o mesmo. Eu me tornarei uma pessoa ruim por isso? Quem se importa? Sou sempre eu que choro sozinha no fim das contas.

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