quarta-feira, 13 de abril de 2011

Capítulo IV - Cena II

Por que fiquei tanto tempo ao lado de Luciana? Por que mantive as ilusões que ela criara? Nós nunca seremos a família feliz, nunca teremos filhos, jamais envelheceremos juntos. Contentei-me com para não sofrer a perda do verdadeiro amor. Terei perdão na entrada do Paraíso? Certamente não terei nem o meu perdão. Não me sinto bem por tratá-la friamente, abusando dos seus sentimentos para acalentar os meus prazeres. Mas alguma coisa mudou. Antes eu a iludia, e tinha consciência do que fazia, mas, com o tempo, perdi a noção exata do que era ilusório e do que era real. Não fosse por Cláudia, Luciana seria uma mulher muito amada. Ela merece ser amada pelo amor que me dispensa, e não sei retribuir. Iludindo-a, iludo a mim nessa farsa em que vivemos. Gosto dela, não nego a verdade, mas não como ela merece. Gostaria de recomeçar. O mais certo é que não a queria como amiga e confidente das horas impróprias. Se eu não a conhecesse, poupar-lhe-ia um sofrer desumano. Mas se eu não a conhecesse, jamais ouviria o som do seu coração vazando pelas teclas do piano. Jamais teria me arrepiado com a música triste que ela emana. Luciana sempre foi um tanto quanto triste, e isso não é minha culpa, é próprio dela. Eu somente a libertei em maior intensidade. E ela é tão boa comigo. Sempre foi.

No dia seguinte à noite em que me encantei com Luciana adormecida no sofá, senti meu coração estremecer quando não a vi na cama. Mesmo com dores atrozes no corpo, acordei com vontade de Luciana, não de Cláudia. Mas ela não estava na cama, não estava no quarto, não estava em lugar nenhum de nosso mundo privado. Pela primeira vez pensei em como seria perdê-la. Não gostei. Onde ela estava? Liguei para o celular com palpitações nervosas. Ela não me atendeu. E ela sempre me atendia, independente do que estivesse a fazer. Isso me impulsionou o medo, um medo que eu desconhecia existir em mim. Aquilo doeu. E era o princípio de Lucina? Talvez.

Ela não está novamente. Anda a vagar por algum lugar desta imensa cidade, e eu não sei onde ela caminha, onde ela passa o dia, às vezes as noites. Preocupo-me, óbvio. Mas o receio maior é de que ela esteja com outro, a dar a outrem o que tanto dedicou a mim e não fui homem o suficiente para entender. Peno... sofro de ciúmes. E diferente dela, não calo minha angústia. Brigamos muito... e não gosto de brigas.

6 comentários:

  1. Posta mais.
    Estou louca para ver o desenrolar desta história.

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  2. Pô, acabei de postar... em breve tem mais.
    Obrigado por ler.

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  3. Adorei, óbvio, pena não estar acompanhando a história desde o princípio. Mas me pareceu bem interessante. E, óbvio, fui ameaçada caso não viesse aqui ler e comentar, acho que isso deve ser levado em consideração também por aquele que for analisar meu comentário... rsrsrs

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  4. Ainda dá tempo de começar. É só partir do princípio.

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  5. Oi Alberto! Seu blog me fascinou, pois amo ler e escrever... Estou super curiosa para ler seus livros, ainda não comecei ler esta história que esta postando, mas vou começar pelo principio!!! Estou te seguindo!!!! Terei facilidade para encontrar algum de seus livros para comprar? Parabéns pelo seu trabalho!
    Tenho um blog onde posto poesias de minha autoria, de poetas famosos, letras de músicas... Passa lá pra conhecer e me dizer o que acha do meu trabalho!!!! Será uma honra pra mim!
    www.diarios-do-anjo.blogspot.com
    Um ótimo dia pra ti, abraços
    bye

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  6. Pode deixar que vou sim, Anjo. Lerei com prazer.
    Obrigado pela visita.

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