
Logo estarei em casa. No conforto do meu quarto, no calor da minha cama. Logo estarei em paz, desde que Luciana não esteja esperando por mim. Luciana! Ela me odiará se me vir em tão maltrapilho estado. Coitada! Tanto fez para que eu largasse a bebida, tanto me encheu para que eu esvaziasse as garrafas, e eu estraguei seu trabalho de me libertar de mim mesmo. Como explicar que não tive culpa do meu delito? Como poderia dizer-lhe que me entorpeci porque Cláudia me apareceu na frente e o meu desejo foi de mergulhar na fotografia para amá-la como amei um dia?
Pago ao taxista pela corrida e saio do carro, ainda trocando as pernas. O porteiro imediatamente abre o portão ao me ver parado à frente do prédio, procurando o interfone que deveria ser facilmente tocado. Ele percebe, não é tolo, que estou fora das minhas condições normais. Abre-me o portão e a porta. Posso vê-lo segurando o elevador para que eu vá logo para meu andar. No caminho ouço-o dizer algo como: “Dia ruim?” e respondo-lhe: “Não o dia, mas a vida.” Vejo em seu rosto um sorriso de discórdia. Entro no elevador e olho para o lixo que eu represento no espelho. Tento sorrir, mas me dói o rosto tentar ser hipócrita para mim mesmo. Chego ao meu andar. Caminho sem pressa até a porta e espero. Não quero entrar.
Lido!
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ResponderExcluirFicou perfeito!
ResponderExcluirAchei muito empolgante a leitura, prende a gente... legal...parabéns
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