
Eu sou a que no mundo anda perdida,
eu sou a que na vida não tem norte,
sou a irmã do sonho, e desta sorte
sou a crucificada... a dolorida...
Sombra de névoa tênue e esvaecida,
e que o destino amargo, triste e forte,
impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...
Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber por quê...
Sou talvez a visão que alguém sonhou.
Alguém que veio ao mundo pra me ver
e que nunca na vida me encontrou.
Como era tola. Queria declamar nos ouvidos dele a dor da mulher que ama e sofre. Não o fiz, e hoje dou graças por não ter feito. Jamais daria a Jorge o gosto de saber que eu padecia por ele. E eu o amava tanto...
Mas a doença foi curada. Esse amor doentio se foi. Hoje eu sou mulher, não mais a menina tola que se enganava com promessas vacilantes de um homem sem caráter, de um homem que só sabe fazer sofrer aqueles que o amam. Eu não ando mais perdida, eu tenho meu norte! Liberta, feliz! Não porque um homem me ama, mas porque eu me amo acima de tudo. Não preciso de um homem para me realizar, realizo-me no palco, encarando a plateia concentrada, centenas de pessoas que lotam o teatro para me verem ser rainha dos mundos imaginários, para me verem ser a prostituta sifilítica que implora redenção, para me verem interpretar as vidas que criam para mim. Eu não pertenço mais a ninguém além de mim mesma. Mulher forte, de pulso. Eu sou Cláudia de Albuquerque, atriz, mulher.
Muito Bom, Alberto - parabéns.
ResponderExcluir